O que é MEAL: Monitoramento, Avaliação, Accountability e Aprendizados
Monitoramento, avaliação, accountability e aprendizados são os elementos que compõem a sigla MEAL (que do inglês são Monitoring, Evaluating, Accountability and Learning), e são processos que acontecem transversalmente ao ciclo de vida de projetos. Isto é, em cada uma das fases do ciclo de vida devem ser realizados processos que vão contribuir para monitorar, avaliar, “prestar contas” e aprender com o projeto.
Brevemente, seguem os conceitos:
- Monitoramento: ocorre durante todo o projeto para fornecer feedback sobre o andamento dele para o gerente e para a equipe. Em relação ao marco lógico, o monitoramento se dá especificamente no nível de atividades e resultados.
- Avaliação: precisa ser estruturada desde o início do projeto (inclusive é esperado ter dados iniciais que constituam o “marco zero” ou “linha de base”), mas a avaliação em si acontece em momentos específicos do projeto – e não em todo o processo – como no fim ou após término. Em relação ao marco lógico, a avaliação foca no nível de objetivos e impacto.
- Accountability: mecanismos para solicitar e receber feedback das partes interessadas. Tais feedbacks devem ser utilizados para “re-planejar” constantemente o projeto.
- Aprendizado: deve ser incorporado ao longo de toda a vida do projeto, buscando estabelecer momentos em que se refletirá sobre seu andamento. Estes processos têm o intuito de garantir que o projeto alcance o que se propõe.
Apesar de extremamente relevantes, as explicações para estes elementos geralmente não discutem questões relacionais destes processos. Accountability, por exemplo, é um processo altamente relacional e que deve ser visto muito além de um processo de prestação de contas, mas como uma forma de manter o projeto “responsivo” às partes interessadas. E o mesmo acontece com os outros elementos do MEAL.
Perguntas para entender melhor os sistemas de Monitoramento Avaliação Accountability e Aprendizados (MEAL) em Projetos socioambientais
Por isso, iniciamos a discussão do VSF7 perguntando aos participantes:
Casos para ilustrar MEAL em projetos de impacto socioambientais reais
1. Quais são as relações mais essenciais que possibilitam que seu projeto ou sua organização existam e atuem?
2. O que vocês fazem para manter estas relações?
3. Na organização ou projeto, vocês conseguem transformar aprendizados em novas práticas?
Dois casos foram abordados para refletir sobre esta temática. Com a Raquel Santos, Coordenadora da Área de Desenvolvimento de Projetos da Aventura de Construir, na entrevista dada, ela buscava mais conhecimento sobre como manter o engajamento dos participantes de um curso durante o andamento deste, principalmente no ambiente online.
No outro caso, a Rosana de Souza Brito do Empreendeaí, que trabalha fortalecendo pequenos empreendimentos localizados nas regiões periféricas de São Paulo questionava “Como criar círculo de prosperidade na comunidade com o lucro do produto que o empreendedor desenvolve?”
O que se discutiu sobre Monitoramento, Avaliação, Accountability e Aprendizados (MEAL) de projetos socioambientais
Assim, os casos não estavam interessados necessariamente em técnicas sobre monitoramento, avaliação, accountability ou aprendizado. Por isso, abordamos uma temática diferente: a legitimidade. Buscamos responder dois questionamentos principais:
“MEAL pode contribuir para o engajamento dos atores-chave do projeto? Como?”
“MEAL é sempre igual? Existe um único e melhor jeito para colocar MEAL em prática?”
O que é, afinal, legitimidade e por que trazer esta discussão neste VSF?
“Legitimidade é uma percepção ou pressuposição de que as ações de uma organização são desejáveis, próprias ou apropriadas dentro de algum sistema de normas, valores, crenças e definições socialmente construído” (SUCHMAN, p. 574).
Assim, entendemos que MEAL não é desenvolvido ao longo do projeto somente para realizar as entregas. MEAL traz processos relevantes para que o projeto (ou a organização) seja aceito por atores necessários e consiga apoio para sua realização (sejam apoios simbólicos, apoios na realização com o público/território, ou financeiro).
No entanto, não existe somente um tipo de legitimidade. Segundo Schumann (1995) e Krieger (2012), elas podem ser diversas, como:
- Pragmática
- Moral
- Cognitiva
E podem gerar:
- Trocas diretas (serviços/produtos)
- Resultados concretos / números
- Aderência às normas
- Conexão com causas e valores
- Compreensão àquilo que se está fazendo
Considerações finais sobre o VSF7: legitimidade para monitorar, avaliar, “prestar contas” e organizar os aprendizados em projetos de impacto socioambiental
Compreendendo que as partes interessadas podem conceder legitimidade por estes diferentes motivos, é necessário:
a) saber qual tipo de legitimidade está atrelado a cada parte interessada; e
b) refletir sobre as melhores práticas quanto à legitimidade para:
- alcançar,
- manter, ou
- recuperar.
Por exemplo, um pesquisador chamado Lall (2019) descobriu que negócios de impacto faziam processos de avaliação, porque queriam alcançar os “Resultados concretos / números”. A realização da avaliação era um critério necessário para que eles recebessem o dinheiro dos investidores.
Conforme estes investidores interagiam com os negócios sociais, as avaliações eram conduzidas para que eles obtivessem maior compreensão do que os negócios faziam, e aí, o foco mudava para o aprendizado.
Ao conduzir processos de MEAL, é fundamental compreender qual legitimidade está se buscando fortalecer para que o projeto possa seguir com sua atuação e atingir seus resultados.
Esperamos que o conteúdo debatido durante o nosso sétimo encontro Vamos ser Francos possa te auxiliar no gerenciamento de seus projetos! Para ler os materiais que embasaram nossas conversas, você pode acessar a curadoria da deste encontro da Jornada PQPS! gratuitamente na Aupa neste link.