O termo economia solidária parece um termo passageiro ou até mesmo algo recente para alguns, mas só parece. Com sua base erguida em meados do século XIX, na Inglaterra, a economia solidária se apresentou como uma alternativa às crises de pobreza e desemprego agravadas pela revolução industrial na época.
Resumidamente, a economia solidária é um modelo econômico que possibilita um modo de produção mais justo e mais participativo em que os trabalhadores têm a oportunidade de atuar com autogestão e compromisso com práticas sustentáveis de organização, deixando a competição e a maximização do lucro individual fora dos seus processos. No Brasil, o modelo chegou a ganhar atenção especial no ano de 2003 com a criação da Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES), atrelada ao Ministério do Trabalho pelo Governo Federal.
Fruto disso tudo, e de muito trabalho, surge uma rede que se tornou referência em economia solidária no nosso país. A Central de Cooperativas Justa Trama, ou apenas Justa Trama, reúne trabalhadores espalhados por cinco estados brasileiros que atuam na cadeia têxtil, respeitando os processos éticos de trabalho, o meio ambiente e as relações humanas e de cooperação.
O algodão utilizado é totalmente orgânico e é colhido e descaroçado no Ceará pelos agricultores da Adec e também no Mato Grosso do Sul pelos agricultores da AEFAF. Feito isso, a matéria-prima segue para Minas Gerais, onde ocorre a tecelagem pelos cooperados da Coopertexil. Os tecidos seguem então para o Rio Grande do Sul, onde a UNIVENS confecciona peças, e tinge com tinturas naturais em processos agroecológicos. Há ainda a produção de jogos educativos e bichinhos a partir de retalhos pela INOVARTE. Os botões e demais adornos das peças são colhidos na natureza e confeccionados a partir de sementes e fibras naturais em Rondônia pelos trabalhadores da Cooperativa Açaí.
Antes de ser uma rede revolucionária, a Justa Trama é resultado da inquietação de uma mulher por um mundo mais justo. Nelsa Inês Fabian Nespolo, diretora-presidente da Justa Trama, é natural do Rio Grande do Sul, filha de pequenos agricultores e costureira. Foi no exercício do seu ofício que conheceu os modos de produção que exploravam muitos e beneficiavam poucos, mas também foi onde seu desejo por melhorias ganhou força.
A inquietação de Nelsa a fez encabeçar a Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), em 1995, tecendo na costura a sua responsabilidade social e fortalecendo a luta das mulheres. Com muito trabalho e perseverança, os esforços foram rendendo parcerias e construindo seu maior fruto, a Justa Trama.
O negócio cresceu e atualmente as entidades que integram a Justa Trama são responsáveis pelo emprego de mais 444 pessoas. O trabalho em cooperação confecciona anualmente 6 mil peças, distribuídas e comercializadas em diversas lojas multimarcas ou encomendadas para feiras, congressos e demais eventos no país todo. São mais de dez anos de esforços voltados às conexões que possam fazer a diferença no processo de produção e confecção da moda e de seus produtores, entregando um produto responsável e sustentável aos consumidores.
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Até logo!
Com informações de
SILVA, José Luís Alves e REIS, Sandra Isabel da Silva, 2008. A economia solidária como base do desenvolvimento local.
Disponível em (https://journals.openedition.org/eces/1451#tocto1n2)
Site institucional Justa Trama.
Disponível em (https://www.justatrama.com.br/)
Instituto C&A
Disponível em (https://www.institutocea.org.br/noticias/noticias/2017/04/nelsa-ins-e-a-justa-trama)