Este é o segundo post de uma série que trata sobre o que é empreendedorismo periférico e a polêmica envolvendo os entregadores de aplicativos.
No primeiro post sobre a temática discutimos o que é o empreendedorismo das entregas. Na verdade, explicamos porque a atividade profissional de entrega para os aplicativos não é empreendedorismo
Você pode ele ler aqui:
A gente vai falar um pouquinho sobre o que é empreendedorismo?
Bom, quer dizer que ter autonomia e poder fazer decisões sobre o trabalho não bastam para poder chamar de empreendedorismo?
Se o entregador que faz seu horário, decide se vai ou não vai atender um chamado, decide se vai entregar a pé, de bike, de moto ou de patinete, não tem um chefe e trabalha na rua não é um empreendedor, quem é o empreendedor?
Como ou em que pessoas que também trabalham como entregadores podem empreender?
O conceito de empreendedorismo
Empreendedorismo é a capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade. Pode ser um negócio, um projeto ou mesmo um movimento que gere mudanças reais e impacto no cotidiano das pessoas.
Segundo o teórico Joseph Schumpeter, empreendedorismo é relacionado à inovação. Para ele, o empreendedor é o responsável pela realização de novas combinações para chegar à solução de um problema. Ou seja, a essência do empreendedorismo está na percepção e no aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios.
Fonte: Blog do Sebrae
O que é empreendedorismo social?
E o que tem a ver a gente falar disso aqui na Tekoha? E o que tem a ver falar de empreendedorismo, inovação e de empreendedorismo social, quando estamos falando sobre o que os entregadores dos Apps estão reivindicando? Se estamos abordando a qualidade de vida, se estamos falando sobre a melhoria das condições de vida de uma população que em sua maioria é marginalizada e apartada dos direitos trabalhistas, sociais, políticos e econômicos, as soluções para resolver esse problemas não serão simples.
E se um empreendedor ou empreendedora é uma pessoa que identifica problemas e oportunidades para desenvolver soluções para criar algo positivo para a sociedade, porque não pode usar esse ímpeto para resolver problemas como os vividos por populações inteiras? É exatamente o que um empreendedor social busca fazer: o empreendedor social busca implantar ações que resolvem problemas referentes ao meio ambiente, à política, à sociedade e a diversos outros aspectos que influenciam as condições de vida de um grupo de pessoas.
Empreendedorismo social é o processo pelo qual cidadãos constroem ou transformam instituições para promover soluções para problemas sociais como pobreza, doença, analfabetismo, destruição ambiental, abuso dos direitos humanos e corrupção, com o objetivo de tornar a vida melhor para muitos.
David Bornstein
O empreendedorismo social é uma realidade no Brasil e no mundo. Há diferentes tipos de organizações desenvolvidas por empreendedores que estão quebrando muitos paradigmas, contribuindo para transformar realidades.
Não confunda empreendedorismo social com empreendedorismo de negócios sociais: o que é empreendedorismo de negócio social, ou negócio de impacto
Os negócios de impacto podem assumir diferentes formatos legais: podem ser associações, fundações, cooperativas ou empresas. Há quatro princípios que os diferenciam, independentemente da constituição jurídica da organização:
- Têm um propósito de gerar impacto socioambiental positivo explícito na sua missão.
- Conhecem, mensuram e avaliam o seu impacto periodicamente.
- Têm uma lógica econômica que permite gerar receita própria.
- Possuem uma governança que leva em consideração os interesses de investidores, clientes e a comunidade.
Os negócios de impacto social, ou os conhecidos negócios sociais, em essência, buscam beneficiar diretamente ou são fundados por pessoas das chamadas classes C, D ou E. E não é à toa que estamos entrando neste assunto neste post: este público coincide – e muito – com o perfil médio dos entregadores dos aplicativos. Mas já vamos voltar neste assunto.
Os negócios sociais têm como um dos seus principais diferenciais, em oposição a empreendimentos de cunho exclusivamente sociais é de buscarem, desde o seu primórdio, uma viabilidade econômica tendo como base estratégias e modelos de negócios de mercado: ou seja, são soluções de negócios para problemas sociais ou ambientais.
Como funciona um empreendimento de negócio social?
Na prática, operam como negócio comum, orientado pela lei da oferta e da procura que se dedica a conhecer seu público, oportunidades e riscos, e usa essencialmente os mecanismos de mercado para atingir seus propósitos sociais.
Como um negócio tradicional, ele deve gerar suas próprias receitas a partir da venda de produtos ou de serviços como de educação, saúde, nutrição, tecnologia, etc. Algo que deve ser muito claro e evidente é a sua motivação. Um negócio social deve existir primordialmente ou exclusivamente por uma causa socioambiental. Os negócios de impacto social mostram que existe um caminho possível a ser construído para caminhar lado a lado para equalizar os problemas sociais e os distúrbios econômicos.
Segundo o Centro de Empreendedorismo Social e Administração em Terceiro Setor da Universidade de São Paulo (CEATS), a intencionalidade é um fator importante e diferencial nos negócios de impacto social. Bem como sua relação com a realidade local e compromisso com o desenvolvimento do território. A análise da realidade social e seu contexto é fundamental para determinar o negócio de impacto social.
Fonte: Sebrae
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Acompanha no próximo post quem são os entregadores de aplicativos . Veja um pouco sobre o perfil dos entregadores e o que é empreendedorismo periférico.