Este é o terceiro, de uma série de posts sobre a polêmica envolvendo os entregadores de aplicativos e chamando esta atividade profissional de “Empreendedorismo” ou até mesmo empreendedorismo periféricos, já que boa parte dos entregadores têm domicilio na periferia das grandes cidades.
Se você não viu os demais posts desta série sobre empreendedorismo periférico, a gente te convida a também ler os seguintes posts:
- O sonho de ser empreendedor, os direitos de um empregado e o patrão incompreendido
- O que é, então, empreendedorismo?
Já ambientado na discussão sobre porque a gente não pode dizer que a atividade profissional de entrega para os aplicativos é empreendedorismo, neste post, a gente vai falar um pouquinho sobre o perfil dos entregadores.
Afinal, quem são os entregadores?
De acordo com o IBGE, em 2010, correspondem a 168 milhões de pessoas. Portanto, viabilidade econômica e preocupação social e ambiental possuem a mesma importância e fazem parte do mesmo plano de negócios.
A AMABR (Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil) estima que existem de 50.000 a 70.000 entregadores na maior cidade do país. Apenas 15.000 deles têm carteira assinada, de acordo com o SindimotoSP, que reúne mensageiros motociclistas, ciclistas e mototaxistas do Estado.
Durante a semana da greve do 1° de julho de 2020, a BBC News Brasil conversou com dezenas de trabalhadores do setor em três pontos de concentração deles na cidade: avenida Paulista e os bairros de Pinheiros e Higienópolis – locais com grande oferta de comércio.
Os entregadores, no entanto, não moram nesses bairros. Vivem principalmente na periferia ou em cidades da Grande São Paulo. Para chegar ao trabalho, percorrem até 30 km – às vezes, pedalando.
As empresas não revelam dados sobre o perfil de seus colaboradores, mas, em uma semana de conversas, a reportagem constatou que grande parte pertence às classes mais baixas, mora em bairros periféricos e tem dificuldade para conseguir empregos no mercado formal. O mero fato de morarem na periferia não configura o fato de serem “empreendedores periféricos”.
Pesquisa realizada pela Fundação Instituto Administração (FIA) e divulgada pela Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) aponta que a idade média do entregador é de 29 anos – os números contemplam motoboys e ciclistas. A maioria (97,4%) é homem; 73% têm apenas o ensino médio completo, e 11,7% já concluíram ensino superior ou pós-graduação.
Outra pesquisa, realizada pela Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), em 2019, apurou entrevistando 270 ciclistas em São Paulo, que 75% desses profissionais têm entre 18 e 27 anos e pedalam cerca de 12 horas por um salário médio mensal de R$ 936 (dados à época). Realizam, em média, dez entregas por dia, a R$ 5 cada – além disso, a mesma pesquisa também revelou que 60% deles trabalham todos os dias da semana, sem folgas.
Fontes:
- Outras Palavras
- El País
- Época Negócios, Reportagem Dormir na Rua e Pedalar 12 horas
- Época Negócios, Reportagem Bikeboys Pedalar 12 horas e 7 dias por semana
- Kaleydos
- IG, Empreendedorismo nas Periferias
Empreendedorismo periférico: o que é
São negócios de impacto surgidos nas periferias especialmente de centros urbanos e fundados pelos seus próprios moradores que desejam transformar a sua realidade.
Os empreendedores, que na grande maioria são os próprios moradores, enxergam a potência que existe nas comunidades, e levam transformação social para periferias. Eles encontram em seus moradores as respostas, pois quem vive o dia a dia de suas comunidades, está mais capacitado para decidir que produtos, serviços e inovações sociais realmente podem melhorar a suas vidas.
Projetos que impulsionam empreendedorismo periférico
Conheça neste post 5 projetos que impulsionam empreendedorismo periférico que valem a pena conhecer