A entrevistada deste episódio foi a Samille Gomes da Silva, da ABRA Arquitetura. Focado nas classes C e D a ABRA é um negócio de impacto social nascido em Recife que realiza reformas objetivando melhorar as condições de moradias. A Samille contou na entrevista sobre os desafios de gerir pessoas, formar equipe e delegar tarefas, sem deixar de engajar todo mundo!
Este é um episódio de uma série de casos gravados a partir dos desafios que gestores de projetos de negócios socioambientais brasileiros vivenciam nas suas instituições. Estes gestores compartilharam seus desafios na Jornada PQPS! discutindo suas Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais.
Estes casos foram desenvolvidos e gravados pela equipe da Rede Tekoha. Apoiou na produção dos podcasts a Aupa; na seleção dos casos a ponteAponte, e os recursos vieram da chamada Elos de Impacto realizada pelo ICE.
Transcrição do episódio
Apresentação
Rede Tekoha e Instituto de cidadania empresarial apresentam:
PQPS Perguntas e Questionamentos Sobre Projetos Socioambientais. Uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no campo de desenvolvimento socioambiental.
Márcio
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Seja muito bem-vinda, seja muito bem-vindo para a nossa conversa de hoje na jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais. Eu sou o Márcio Pires, falando pela Rede Tekoha, e esta conversa é parte de uma série de papos com quem atua na gestão de projetos socioambientais no Brasil neste ano tão desafiador que é 2020.
Vamos juntos mais uma vez, mergulhar nas vivências de quem faz acontecer o campo de desenvolvimento socioambiental, e hoje nós vamos conversar com a Samille Gomes da ABRA arquitetura que é um negócio social que atua no Recife e na sua região metropolitana, com foco nas classes C e D e com o objetivo de melhorar as condições de moradias das famílias de baixa renda tendo acompanhamento desde a concepção dos projetos até a entrega da obra. Samille tudo bom com você?
Samille
Oi Márcio, tudo bem, bom dia.
Márcio
Bom dia.
Samille
Como vão as coisas por aí?
Márcio
Tudo tranquilo.
Me conta uma coisa. Você mencionou no material da ABRA, que foi encaminhado para gente, que os maiores desafios que vocês enfrentam hoje são relacionados à gestão dos colaboradores da empresa. Então conta para a gente como é a estrutura de vocês, quem são as partes interessadas e os parceiros que se relacionam com a ABRA?
Samille
Somos um negócio, e atuamos em Recife, região metropolitana. Hoje nossa equipe é enxuta, nós somos cinco mulheres na empresa e precisamos saber determinar as atividades para cada um, para que ninguém se sobrecarregue dentro da empresa. A gente tem esse desafio, porque como somos uma empresa nova a gente está se estruturando ainda, a gente precisa ir juntas entender como funciona, saber a responsabilidade de cada uma, sendo a cabeça de cada um, de cada setor pois sabemos que muitas vezes as atividades se misturam, e tem essa interdependência, mas ainda assim a gente precisa saber, a gente precisa estar atenta para não sobrecarregar a outra, e saber quando tomar decisões importantes, para que os processos andem e as coisas rodem. Essa é uma das dificuldades que a gente ainda encontra por estar se estruturando ainda.
Márcio
Como é a gestão desta equipe interna de vocês?
Samille
A gente separa as atividades pelos setores, fazemos reuniões periódicas. No caso, na parte de obra fica com a Tati, ela que gere, compra material e monta equipe. Na parte comercial fica com Eline, que é minha sócia, todo relacionamento com cliente, de proposta, de entender as necessidades ficou com ela. E temos Nanda e Mari que ficam mais com a parte de projetos, no caso Nanda fica encabeçando a parte de otimizar os projetos e elaboração, saber ferramentas que ajudem a gente a diminuir o tempo do processo. E Mari fica dando esse suporte, pesquisando materiais e trazendo novidades junto com Nanda em projetos. A gente tem mais grosseiramente esses setores, que a gente enxergou que são importantes para andar e cada um fica com sua parte, mas fazemos reuniões semanais. Como estamos, infelizmente, nessa pandemia estamos trabalhando home Office, mas vimos que a gente conseguiria resolver e alinhar todas as atividades e todos os processos fazendo reuniões diariamente, reunião de rápidas para alinhar o que foi feito no dia anterior e o que precisa ser priorizado para seguir e além disso tem a reunião geral semanal que a gente participa todo mundo junto.
Márcio
Como vocês fazem o engajamento de todos os interessados nos processos de planejamento e implementação? Que até pelo próprio escopo do trabalho de vocês, imagino que vocês além da equipe interna, vocês têm várias outras partes que vão se agregando no trabalho.
Samille
A gente procura ouvir. Ouvir é importante para a gente saber o que os colaboradores estão pensando e se eles têm alguma ideia ou alguma inovação, mas é um exercício constante que a gente precisa fazer, porque como a gente é uma equipe muito nova, as meninas entraram, até então a gente éramos em três, e a gente sentiu a necessidade de aumentar a equipe, mas é uma equipe nova que está entendendo ainda a dinâmica da empresa, e as demandas são trazidas muito rápido. E quando a gente traz, a gente que está à frente da empresa, no caso eu e a Eline, a gente traz essas atividades, essas demandas para a equipe toda, a gente meio que pré-determina as atividades e os processos como a gente enxerga, mas depois que a gente faz isso a gente precisa ouvir o outro lado, quem realmente vai executar, a gente procura a sugar delas assim: Como é que vocês enxergam? Vocês acham que dessa maneira estamos sendo mais eficientes? Dessa maneira os processos vão fluir mais? Vocês estão confortáveis? Então eu acho que ouvir de quem vai executar é muito importante e traz esse engajamento, empodera mais. Acredito.
Márcio
Era até isso que eu te perguntar, como é esse processo de delegar as tarefas e responsabilidades dentro da equipe? Mas acho que você já deu uma bela pincelada, mas vocês vão usando essas ferramentas, essas reuniões ágeis de conversar rapidamente todo dia. Vocês têm algum tipo de ferramenta interna? Como vocês fazem este tipo de delegação de tarefas?
Samille
A gente procura enxergar o perfil da pessoa e afinidade que ela tem com a atividade, eu acho que isso é importante, porque mesmo que a gente saiba que as habilidades são desenvolvidas, as coisas fluem mais quando você está fazendo o que gosta e se identifica. E fica até mais fácil de você buscar ferramentas e maneiras de trabalhar melhor os processos de otimizar o tempo. E sobre as ferramentas hoje a gente utiliza muito as plataformas para fazer reuniões como Meet e Zoom para a gente fazer essas reuniões rápidas, estes sprints de 15 minutos 10 minutos, independente assim, não chamando a equipe toda, mas eu preciso conversar com Nanda sobre determinada coisa, vamos reunir rapidinho aqui, a gente faz as reuniões rápidas, independentes e a geral com todo mundo uma vez na semana. Sobre algumas ferramentas, a gente usa é muito trello para a gente saber onde está cada atividade, e saber o que tem que priorizar, os prazos, para saber acompanhar os prazos e o que está faltando. Relacionamento com cliente, até o WhatsApp mesmo, é o relacionamento com o cliente que a gente tem, criamos grupos com o cliente para ele entender e saber o status do projeto, do processo ou alguma coisa da obra. A gente consegue resolver rapidinho por meio do WhatsApp.
Márcio
O nosso podcasts que faz parte da jornada PQPS! tem hoje a conversa com a Samille Germano da ABRA arquitetura. Samille na jornada a gente sempre associa os casos das organizações participantes com os conceitos de gestão de projetos e tudo que você está contando, falando sobre comunicação, e eu já estou pensando aqui sobre gestão de conflitos também. Quais são as principais dificuldades da gestão de pessoas no seu cotidiano?
Samille
Eu acredito que o desafio maior é manter a motivação da equipe toda para não deixar uma atividade constante monótona. A gente tem um ambiente muito dinâmico que as coisas vêm acontecendo muito rapidamente, principalmente nesse ano atípico que teve a pandemia, teve muitas dificuldades, teve muitas coisas boas que aconteceram também. Chegaram parceiros de financiamento, outras pessoas querendo agregar e fazer parcerias, mas mesmo assim a dificuldade que a gente encontra muitas vezes de se manter presa no processo, a gente tem que ter esse cuidado de não deixar a pessoa presa no processo, porque a gente sabe que precisa fazer. Por exemplo, tem que tocar a obra, mas tem que tocar o projeto que é uma coisa mais interna de escritório. Então para não deixar que a pessoa fique só naquilo, que a gente sabe que é importante que tem que seguir, que tem que andar e manter esse equilíbrio de uma dinamicidade dentro da equipe, é um dos desafios, para que a pessoa se mantenha engajado e motivado no propósito.
Márcio
Para terminar, a gente sempre inverte a posição da pessoa entrevistada aqui na jornada PQPS! Se você pudesse pedir ajuda em um desafio específico do seu trabalho para as pessoas da nossa audiência, que pergunta você faria para elas?
Samille
Eu acho que para mim os desafios que mais pega é: Como em quando eu preciso aumentar a equipe para que as coisas fluam sem sacrificar a empresa e deixar saudável financeiramente? Você saber o ponto certo de aumentar a equipe sabendo que as coisas vão fluir e vão melhorar é uma das coisas que eu tenho muita dificuldade de entender e perceber o momento certo. E outra coisa é o equilíbrio entre a tomada de decisão sendo colaborativa e a tomada de decisão sendo dos gestores. Porque eu trago muito essa visão de colaboração da gente decidir juntos, porque somos uma equipe e todo mundo depende uma da outra, mas eu sei que tem horas também que o gestor, a pessoa que está de frente precisa tomar algumas decisões que vai ser melhor para todo mundo. Então encontrar esse equilíbrio entre a decisão de ouvir e escolher o certo e a outra decisão do responsável, do gestor que está à frente. Eu acho que seria isso.
Márcio
Essa é uma questão super importante, super relevante que você levantou. Esse equilíbrio entre a colaboração e alguns momentos em que você tem uma decisão que é mais individualizada. Acho muito bacana você ter levantado isso. Samille obrigado por ter trazido esse material e por ter compartilhado isso com a jornada PQPS! Esse registro do seu trabalho no campo socioambiental brasileiro de 2020, que é por si só um ano muito desafiador e o teu testemunho foi bem interessante.
Samille
Eu que agradeço Márcio, obrigado pelo convite, espero ter contribuído de alguma forma, espero encontrar respostas também dessas perguntas.
Márcio
Com toda certeza. A gente fica por aqui e a jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais continua nos nossos outros podcasts deste ciclo. Logo mais tem mais. Até!
Você ouviu PQPS perguntas e questionamentos sobre projetos socioambientais, uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no tempo de desenvolvimento socioambiental parceiros operacionais Aupa e Ponte a Ponte. Apoio financeiro Instituto de cidadania Empresarial. Realização Rede Tekoha acesse mais conteúdos sobre as jornadas PQPS em www.aupa.com.br/pqps
Transcrito por Cristina Cordeiro.