A entrevistada deste episódio foi a Raquel Santos, Coordenadora da Área de Desenvolvimento de Projetos da Aventura de Construir, entrevistada deste episódio contou sobre como os resultados dos projetos que eles desenvolvem são avaliados e como lidam com os problemas que acontecem. A Aventura de Construir é uma OSCIP que atua em São Paulo apoiando microempreendedores de baixa renda, buscando fortalecer suas visões de negócios.
Este é um episódio de uma série de casos gravados a partir dos desafios que gestores de projetos de negócios socioambientais brasileiros vivenciam nas suas instituições. Estes gestores compartilharam seus desafios na Jornada PQPS! discutindo suas Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais.
Estes casos foram desenvolvidos e gravados pela equipe da Rede Tekoha. Apoiou na produção dos podcasts a Aupa; na seleção dos casos a ponteAponte, e os recursos vieram da chamada Elos de Impacto realizada pelo ICE.
Transcrição do episódio
Apresentação
Rede Tekoha e Instituto de cidadania empresarial apresentam:
PQPS Perguntas e Questionamentos Sobre Projetos Socioambientais. Uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no campo de desenvolvimento socioambiental.
Márcio
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Seja muito bem-vinda, seja muito bem-vindo para a nossa conversa de hoje na jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais. Eu sou o Márcio Pires, falando pela Rede Tekoha, e esta conversa é parte de uma série de papos com quem atua na gestão de projetos socioambientais no Brasil neste ano tão desafiador que é 2020.
Vamos juntos mais uma vez, mergulhar nas vivências de quem faz acontecer o campo de desenvolvimento socioambiental, como a Raquel Santos da Aventura de Construir. A Rachel é coordenadora da área de desenvolvimento de projetos da Aventura de Construir que foi criada em 2011, atua aqui em São Paulo e apoia microempreendedores de baixa renda, buscando fortalecer a visão de negócios e a formalização desses empreendedores.
A ideia é desenvolver territórios de modo inclusivo e com o protagonismo dos atores locais. A Aventura de Construir vem para a jornada PQPS! para conversar sobre o Crescendo em Rede, projeto que começou em agosto deste ano 2020 para democratizar os conceitos de negócios de impacto para a periferia, mas a Raquel vai contar mais para a gente a partir de agora. Prazer conversar com você Raquel, tudo bom?
Raquel
Prazer querido, tudo ótimo.
Márcio
Raquel conta para a gente sobre a criação e o funcionamento desse projeto.
Raquel
Eu sou a Raquel, como você apresentou. Trabalho na área de desenvolvimento de projetos, dentro da Aventura de Construir tem a área de sustentabilidade de criação de projetos, eu executo projeto. Então, esse projeto foi criado a partir do desenho da Silva Caironi, que é a coordenadora geral da Aventura de Construir a partir de uma conversa que ela teve com Edgard Barki, que é professor e coordenador do centro de empreendedorismo da FGV. Então Crescendo em rede começa a partir dessa conversa, onde o Barki trouxe a importância em democratizar esse ecossistema no negócio de impacto social, a partir dessa conversa a Sílvia junto com a área de sustentabilidade e de criação de projeto da Aventura de Construir começam a desenhar com a ajuda da FGV do Insper e também da Catálise Social. Então o objetivo era democratizar esse ecossistema, mas afinal que papo é esse de democratizar esse sistema? O que a gente queria, e conseguimos, é demonstrar que esse espaço também é dos participantes. Foi uma divulgação aberta, tanto nas redes sociais, eu vou falar um pouco das fases do projeto, mas antes de entrar nisso, eu acho legal contar como a gente divulgou e quem participou. Então foi um convite aberto, a Aupa também divulgou, teve uma live de lançamento no nosso canal do YouTube e para quem quiser conferir é só acessar lá YouTube Aventura de Construir e também a gente apostando fortemente na divulgação orgânica, ou seja, de formiguinha mesmo. Fala para um, falar para outro a gente divulgou dentre as pessoas da Aventura de Construir que são acompanhadas, mas também não ficamos só nos empreendedores que a gente já tinha vínculo. O projeto contou com oficinas, com ferramentas do design thinking. Então tratar assuntos complexos de uma forma simples, mas sem perder a profundidade. Então assim, temos termos em inglês? Sim temos. A gente vai falar nesses termos inglês, claro que a gente vai falar, porque é importante, mas sem fazer as pessoas ficarem com vergonha. Queríamos fazer um espaço de aprendizado seguro, foi isso que a gente fez diariamente também foi um grande desafio.
Além das oficinas que foi a primeira etapa do projeto, também teve assessoria em grupo, depois a gente abriu um edital, que foi um edital elaborado pela Aventura de Construir para os participantes aplicarem em projetos de negócio de impacto social, depois dessa etapa de abertura do edital, teve a uma banca examinadora e com uma Aventura de Construir estava próxima dos participantes a gente não podia avaliar pois seria antiético. Então teve uma super banca qualificadíssima com vários nomes do negócio de impacto de vários setores também. Então teve empreendedores, empresários, fundações, academia e uma série de coisas. Quem quiser ver, também está no canal do YouTube essa live que aconteceu de entrega dos prêmios onde foram contemplados oito projetos de negócios de impacto com um capital semente. Foram oito prêmios de três a dez mil reais ou para continuar projetos que já existiam ou para viabilizar projetos novos. Agora terminamos a fase de assessorias individuais com os contemplados do capital semente. É um método da Aventura de Construir com acompanhamento contínuo. Eu acho esse projeto muito interessante por conta disso, porque geralmente acontece o edital e depois vem as oficinas. A gente conseguiu fazer as oficinas primeiro, as assessorias depois e mesmo depois deles terem ganhado continuamos com eles de acordo com a necessidade e com a demanda de cada pessoa.
Márcio
Esse projeto já chegou ao final e como vocês avaliam os resultados dele?
Raquel
Na parte das etapas, sim, ele chegou ao final. Digamos assim, em relação aos participantes, na semana passada a gente finalizou a última sessão de acessórios como vencedores, que foram dez sessões, mas ainda na parte interna ele continua no ano que vem para adaptação do sistema de avaliação de impacto. Sobre isso eu vou falar mais de uma outra resposta, mas a Aventura de Construir tem um método de avaliação de impacto, mas ela vai adaptar este método para a realidade do negócio de impacto. Então a gente ainda vai pensar um pouco sobre isso. Em relação aos resultados, eu acho que foi um grande desafio, primeiro pensar no engajamento desses participantes, pensar neste mundo online, a Aventura de Construir sempre fez capacitações e assessorias de forma presencial. Então de repente vai para este online. É difícil, mas também teve muito espaço para reinvenção. Tanto por parte da equipe quanto por parte dos participantes. Pensando em metas em como a gente avalia esse resultado, uma das metas era atingir pelo menos doze negócios sociais viáveis, ou seja, na hora de aplicar o edital pelo menos doze tinham que ser viáveis, e a gente chegou a vinte e cinco. Então isso foi uma coisa muito positiva para a gente.
Márcio
Além dessas questões, quais foram as dificuldades que vocês encontraram ao longo do caminho neste ano?
Raquel
O número de inscritos no começo foi difícil, a gente tinha uma meta de cem e conseguimos sessenta, o engajamento online, mostrar para os participantes que os conteúdos que a gente estava falando na oficina respondiam às necessidades concretas deles. Não é uma coisa de imediato, não é como quando a gente fala, por exemplo: de redes sociais, marketing que é uma coisa que você entende e faz sentido, a gente teve que construir isso juntos. Problemas de infraestrutura e conexão. Isso é muito legal, a Aventura de Construir a princípio atendia à periferia da zona Oeste de São Paulo, mas no online ela começou a desdobrar em outras localidades e outros estados também, então isso foi muito legal, mas a gente teve vários problemas de conexão, desistências no meio do caminho.
Márcio
Conforme essas dificuldades iam acontecendo, como é que vocês lidavam? Vocês já tinham um plano considerando esses riscos ou foram acontecendo coisas inesperadas?
Raquel
A Aventura de Construir não é imensa, então sempre tem reunião durante a semana, dentro da área de desenvolvimento de projetos também a gente sempre fazia reunião. Como eu comentei com você no início, quem tocou esse projeto diretamente foi a minha parceira de equipe, a Luiza. Muita conversa com diálogo aberto, diálogo honesto, com todas as instâncias da Aventura de Construir, comunicação, a própria Silvia Caironi que é a coordenadora geral tratar o projeto como um organismo vivo. É lógico, tem uma orientação a gente sempre voltava às origens desse projeto, como é que ele foi escrito pela área de sustentabilidade, pela área de criação de projetos, a gente voltava nisso, mas estava aberto também às mudanças de acordo com as necessidades. Então na fase de assessorias em grupo, depois das oficinas a gente percebeu a necessidade de fazer mais uma capacitação específica sobre determinado tema, não tem problema a gente foi lá e fez. E também a gente teve a oportunidade de aprender com a experiência, não era sobre negócios de impacto, mas era o nosso primeiro projeto online, que foi a Realidade Empreendedora que foi financiado pelo instituto pelo ICCP, e foi o primeiro projeto da Aventura de Construir online, então a gente conseguiu aprender muita coisa a partir dessa experiência, muita coisa que a gente testou ele conseguiu replicar, mas mesmo assim não são universos iguais, cada universo tem a sua especificidade.
Márcio
Neste podcast que faz parte da jornada PQPS! Essa nossa conversa de hoje com a Raquel Santos da Aventura de Construir, ela remete a um dos nossos encontros da jornada que fala muito sobre MEAL que é a sigla em inglês para monitoramento, avaliação, accountability e aprendizado. Então eu queria escutar de você um pouco sobre essa parte. Você já entrou nela na verdade, mas queria escutar um pouco sobre isso, por exemplo, quantos participantes chegaram até o final? Qual foi o nível de satisfação deles?
Raquel
A meta no começo era cem, mas a gente começa com noventa, fechamos com quarenta e cinco participantes, porém uma das coisas que torna o resultado positivo, foram essas vinte e cinco aplicações do edital com projetos viáveis. A meta que a gente estava esperando eram doze e nós chegamos em vinte e cinco e desses vinte cinco, oito são vencedores. A gente percebeu um nível alto de satisfação, tanto dos vencedores quanto daqueles que não ganharam o capital semente, por conta de um fortalecimento orgânico de uma rede. Então aqueles que ganharam começaram entre eles a buscar uma pessoa que trabalha com produção de marmitas saudáveis, buscou uma outra pessoa que tinha um carro de som para fazer a divulgação, então isso foi muito importante, é uma coisa que não é óbvia, ainda mais no mundo online e dentre aqueles que não foram ganhadores eles também se fortaleceram muito. E até hoje a gente mantém alguns grupos, e eles se fortalecem. Um participando da live do outro, então isso é uma forma da gente ter um resultado positivo.
Márcio
Isso que você está colocando é uma percepção que fica bem evidente enquanto você vai fazendo o acompanhamento do projeto, mas vocês implementaram também alguma forma de mensuração dos resultados? Se sim, como que foi?
Raquel
Na realidade vamos fazer isso para o ano que vem, mas já existe um método em todos os projetos na Aventura de Construir de avaliação de impacto, e a gente vai adaptar esse sistema de avaliação de impacto para o ano que vem a partir deste universo de negócios de impacto social, com a ajuda também das mesmas pessoas e instituições que no começo desenharam o projeto, então vai ter FGV, Insper, Catálise Social, mas isso ainda é papo para o ano que vem. É uma coisa que a gente ainda está desenhando cada fase do projeto
Márcio
Raquel a gente está chegando ao final da nossa conversa, e sempre a gente termina o nosso papo levantando uma bola para a pessoa entrevistada perguntar, se alguém da nossa audiência pudesse te responder agora, qual seria o desafio do seu trabalho sobre o qual você gostaria de ouvir alguém te apoiando?
Raquel
Primeiro tratar de entender que a gente está fazendo um trabalho em conjunto e não para. Eu acho isso uma coisa muito importante de entender. Esse é um desafio que precisa ser valorizado entre todos e também a questão do espaço de aprendizado seguro, que sem ele a gente não consegue ir a lugar nenhum. Eu acho que esse é o desafio e essa forma que é importante ser apoiada.
Márcio
Rachel obrigado por trazer esse material e por compartilhar com a jornada PQPS! o registro do seu trabalho no campo socioambiental brasileiro de 2020.
Raquel
Maravilha obrigada você pelo convite.
Márcio
A gente fica por aqui e a jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais continua nos nossos outros podcasts deste ciclo. Logo mais tem mais. Até!
Você ouviu PQPS perguntas e questionamentos sobre projetos socioambientais, uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no tempo de desenvolvimento socioambiental parceiros operacionais Aupa e Ponte a Ponte. Apoio financeiro Instituto de cidadania Empresarial. Realização Rede Tekoha acesse mais conteúdos sobre as jornadas PQPS em www.aupa.com.br/pqps.
Transcrito por Cristina Cordeiro.