A entrevistada deste episódio foi a Floriana Breyer, da Climate Ventures. Ela é responsável pelo Lab Amazônia, projeto que envolve diversas organizações e desenvolve soluções para comercializar produtos da sociobiodiversidade da Amazônia. Ouça este episódio junto com o episódio do Instituto Auá – eles são episódios irmãos! 🙂
Este é um episódio de uma série de casos gravados a partir dos desafios que gestores de projetos de negócios socioambientais brasileiros vivenciam nas suas instituições. Estes gestores compartilharam seus desafios na Jornada PQPS! discutindo suas Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais.
Estes casos foram desenvolvidos e gravados pela equipe da Rede Tekoha. Apoiou na produção dos podcasts a Aupa; na seleção dos casos a ponteAponte, e os recursos vieram da chamada Elos de Impacto realizada pelo ICE.
Transcrição do episódio
Apresentação
Rede Tekoha e Instituto de cidadania empresarial apresentam:
PQPS Perguntas e Questionamentos Sobre Projetos Socioambientais. Uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no campo de desenvolvimento socioambiental.
Márcio
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Seja muito bem-vinda, seja muito bem-vindo para a nossa conversa de hoje na jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais. Eu sou o Márcio Pires, falando pela Rede Tekoha, e esta conversa é parte de uma série de papos com quem atua na gestão de projetos socioambientais no Brasil em 2021
Vamos juntos mais uma vez, mergulhar nas vivências de quem faz acontecer o campo de desenvolvimento socioambiental. E desta vez eu vou fazer um convite especial para você que está ouvindo nosso PQPS Talks. Esse episódio aqui vai conversar com outro episódio dessa mesma série, porque a gente escolheu dois projetos de trabalho em conjunto em cada episódio, nós vamos falar sobre um deles e você que nos escuta vai conseguir ter uma visão de como dois projetos independentes vão se tocar em alguns momentos. A gente acha que tem tudo para ser uma experiência, uma referência bem rica para quem trabalha com projetos socioambientais. Então neste episódio a gente conversa com o instituto Climate Ventures e no episódio irmão a gente fala com o Instituto Auá de empreendedorismo socioambiental. O convite é: depois de ouvir esta entrevista dá uma olhada no site www.aupa.com.br/pqps que lá você vai encontrar o link da conversa com o instituto Auá.
Eu te aconselho a ouvir os dois, pois sua experiência vai ser mais rica. E a gente chama para roda o instituto Climate Ventures na voz da Floriana Breyer gerente de programas. O Instituto Climate Ventures é uma plataforma de inovação multisetorial que tem o propósito de acelerar uma economia regenerativa e de baixo carbono. A conversa hoje é sobre o projeto Lab Amazônia desafio de logística e comercialização de produtos da Sócio Biodiversidade e a idéia do Lab Amazônia é destravar barreiras e alavancar os produtos da Sociobiodiversidade da Amazônia, mas quem vai contar todos os detalhes para a gente é a própria Floriana com quem eu tenho prazer de falar a partir de agora. Tudo bom com você Floriana?
Floriana
Olá, Márcio, é um prazer fazer parte do PQPS! e poder compartilhar um pouco do nosso case dentro dessa jornada inspiradora. Eu me chamo Floriana e atualmente estou atuando como coordenadora do laboratório Amazônia dentro da Climate Ventures. A Climate Ventures nasce com a missão de acelerar uma economia regenerativa de baixo carbono no Brasil.
Márcio
Floriana nos conta um pouquinho para gente sobre esse desafio que vocês definiram focando na logística e na comercialização dos produtos da Sociobiodiversidade e como é que essa situação levou a Climate Ventures, Idesam e PPA a se unirem para realizar o Lab Amazônia?
Floriana
O desafio de logística e comercialização dos produtos da Sóciobio chegou para a gente como prioridade já desde o início do Climate. Uma das nossas metodologias mestras dentro da Climate Ventures são os laboratórios de inovação social, nos moldes da teoria U nós somos uma das organizações da América Latina referência no uso dessa tecnologia social. Em 2018 iniciamos a Climate com um Lab de inovação em clima e a gente reuniu cerca de 70 organizações no Brasil para ajudar a gente a pensar nos gargalos e nos pontos de alavancagem que podem nos conduzir para uma economia regenerativa e de baixo carbono. Já ali ficou evidente a necessidade de atuar com a Amazônia e neste Lab estava presente o Mariano diretor do Idesam e do programa de aceleração da PPA que nos convidou para mergulhar nesse desafio da logística e da comercialização. Segundo ele, esse é um dos gargalos que enfrentam esses empreendedores Amazônicos. Estava também o Vitor Galvani que é hoje coordenador comigo do laboratório e a gente incubou um protótipo que chamava a central da floresta que buscava ter um espaço conjunto de armazenagem de produtos da Sócio Bio geral no Brasil. Mas o Mariano provocou a gente, vamos focar só na Amazônia, todos os biomas são muito grandes, a gente precisa começar por algum lugar. E a gente decidiu começar pela Amazônia e transformamos isso no Lab Amazônia em desafio de logística e comercialização.
Márcio
Quais foram as cinco soluções que vocês prototiparam? e qual objetivo com a implementação delas.
Floriana
Eu acho que vale contextualizar um pouco como é esse desafio. É basicamente ele se refere a buscar soluções inovadoras para ajudar a estruturar essa cadeia de serviços que possibilita que os produtos que usam ativos da floresta e que tem compromissos com floresta em pé, acessem o mercado consumidor do grande centro consumidor que é São Paulo e Rio de Janeiro o mercado do Sudeste. Os protótipos que a gente criou respondiam a gargalos estruturais que o laboratório identificou conjuntamente com vários líderes de organizações que buscavam basicamente meios de inovar, como trazer essas cargas da Amazônia para São Paulo, como consolidar estoques em armazenagem conjunta e como estruturar estratégias comerciais para esse nicho. Nós criamos cinco protótipos. Os protótipos eram Sociobiology que inovava em soluções logísticas o Cdzão que era um armazém compartilhado em São Paulo a plataforma Biobá que fazia conexão de produção com iniciativas de comercialização o Marca Amazônia que é um conceito de marca região com a idéia de place branding usando e se apropriando da marca Amazônia como um espaço guarda-chuva para impulsionar novos vetores de desenvolvimento na Amazônia e o Sinapse Bio que é um programa de incentivo a empreendedores amazônicos em fase de ideação.
A gente decidiu iniciar por incubar os primeiros três, juntamos o Sóciobilogy, CDzão e plataforma Biobá em um grande piloto e deixamos a Marca Amazônia e o Synapse Bio para um segundo momento, eles estão se desenvolvendo também ganhando asas sozinho. E para implementar este piloto chamamos o Instituto Auá que ofertou armazenagem compartilhada no armazém biomas que eles têm em Osasco 500 m² focados em produtos da SocioBio brasileira, chamamos também a Biobá que tem uma conexão com iniciativas de comercialização para o b2b, eles têm vários membros dentro da plataforma deles reunindo essas iniciativas, o Amazônia hub que é um e-commerce para clientes finais b2c se já é especializado em Amazônia e tem uma curadoria bem legal de marcas comprometidas com impacto social e ambiental e o Lothar que é o manauara e consultor logico especialista na Amazônia que inclusive agora está dando uma super força para atrair todo essa história dos oxigênios para Manaus, todo esse problema que a gente está vivendo, essa crise relacionada com Covid, o Lothar está sendo um dos consultores que está apoiando toda essa logística estrutural na Amazônia. A gente juntou toda essa galera para fazer esse piloto, ofertou esses serviços integrados para dez empreendedores Amazônicos e logo na sequência se juntou a isso o Mercado Livre e um operador multimodal de logística que a Costa Brasil. É bem importante esses dois parceiros porque eles entraram reestruturando todo o modelo do nosso piloto e mostrando que a gente precisava encontrar parceiros de peso para também conseguir escalar isso num segundo momento.
Márcio
O que que foi pensado desde este momento de início do projeto visando um momento de encerramento que vocês tem programado agora para o primeiro semestre de 2021?
Floriana
Com certeza, esta parte do encerramento é bem importante na nossa metodologia. O laboratório de inovação tem início, meio e fim. Ele inicia com a definição do desafio, com a curadoria dos atores estratégicos, o mapeamento conjunto de gargalos e oportunidades, com a jornada de aprendizagem e a prototipagem das soluções. O laboratório poderia acabar aí, a gente poderia ter um encerramento neste momento de prototipagem, mas a gente resolveu encarar a etapa de implementação dos protótipos que nos levou um ano mais e nós encubamos estes três protótipos, captamos recursos de um capital semente para eles. O que marca o fim do projeto agora em 2021 é voltar a reunir todos esses atores que participaram desde o início do projeto, essa cinquenta organizações estratégicas da Amazônia para compartilhar com elas todos os resultados obtidos e esse conhecimento gerado a partir desses inputs iniciais delas para a gente devolver para o ecossistema esse conhecimento coletivo e também engajá-los neste novo possível ciclo, que é o movimento Amazônia em casa floresta pé. Então a gente acredita que esse processo é super importante de encerramento, porque ele fecha um ciclo, sedimento aprendizagem e convida atores que tinham se perdido no processo a se engajarem novamente com um novo ciclo.
Márcio
Considerando que é um projeto com tantos stakeholders como você está mostrando para a gente, esse tipo de discussão foi para pauta logo no início? Como foi esse processo de falar e pensar sobre encerramento?
Floriana
Basicamente isso estava na pauta desde o início, o laboratório tem três fases, nós tivemos a sorte de iniciar antes da pandemia e podemos ter dois encontros presenciais em Manaus com duração de cerca de três dias. A gente conseguiu reunir esses cinquenta líderes durante seis dias, três dias no início, três no meio e reuniríamos também no final com a pandemia agora nossa ideia é fazer um encontro virtual facilitado buscando engajar esses parceiros nos possíveis desdobramentos do projeto e também fazer um compartilhamento dos aprendizados. A gente acredita que como é o momento de compartilhar resultados o virtual pode até ser positivo para a gente poder usar algumas tecnologias agregadas nesse processo de compartilhamento de aprendizagem. Mas o que eu queria só destacar é que já pensávamos em ter um encerramento, mas o formato desse encerramento ele ainda está sendo tecido juntamente com os parceiros co-realizadores deste projeto que a Climate o PPA e o Idesam. E a participação também dos nossos financiadores que são fundamentais para trazer para esse momento de aprendizagem, ouvir os feedback deles e entender como eles também querem se engajar que foi o Fundo Vale, o Iquis Humanize e a Clua.
Márcio
No episódio de hoje do PQPS Talks, esse podcast que faz parte da jornada PQPS! Anossa conversa segue com a Floriana Breyer do Instituto Climate Ventures. Floriana um dos encontros da nossa jornada é focada na fase de encerramento do projeto que é uma conversa que já está rolando aqui no nosso papo. Então queria ouvir de você um pouquinho sobre essa parte do trabalho do Climate Ventures. Ao final do projeto qual é a expectativa para os negócios apoiados? Ou seja, qual era a teoria de mudança traçado pelo Lab Amazônia lá atrás?
Floriana
A nossa teoria de mudança focava em estruturar serviços que apoiem a Bioeconomia na Amazônia, a gente acredita que os empreendimentos de produtos da Sociobio, startups que estão liberando essa inovação no uso dos ativos da Bio economia são fundamentais para transformar os vetores de desenvolvimento da Amazônia. Então a nossa expectativa era realmente trazer soluções inovadoras e de baixo custo para esses empreendedores acessarem esse mercado consumidor do Sudeste. Nossa meta era ter um armazém geral compartilhado que essas marcas tivessem espaço para estocar os seus produtos, que a gente conseguisse ter contêineres de navios semanais vindos da Amazônia para São Paulo e também estrutural uma frente comercial com foco nesse nicho pudesse customizar bem esse serviço de vendas dos produtos. A gente está bem feliz porque grande parte disso a gente conseguiu no piloto para esses dez empreendimentos e pretendemos escalonar isso agora com a entrada de parceiros de peso.
Márcio
Como foi que vocês construíram esse processo? Como foi o processo de chegar da expectativa da situação final dos negócios apoiados no término do projeto?
Floriana
Essa é uma vantagem do laboratório porque é um processo que vai sendo construído junto com os vários atores, então eu acho que tem essa que eu iria de mudança, ela já na fase dois com todos aqueles cinquenta líderes ela nasce com uma expectativa conjunta e ela foi sendo lapidada ao longo do processo com essa relação estreita com os empreendedores. Então a gente vivenciou com eles todos os desafios de acesso ao mercado e de dificuldade de capital de giro desde de como faz para emitir a nota fiscal, qual que é o modelo jurídico precisa ter o armazém para não ter tanto imposto. Então várias coisas bem específicas das operações a gente viveu com eles na pele e fomos construindo o que que seria o ideal. Acho que a gente ainda dando os primeiros passos para estruturar essa cadeia, a gente vai precisar de muita ajuda e a gente acabou entendendo porque ninguém ainda nunca tinha feito isso de juntar tudo isso, os serviços de logística, comercialização e comunicação numa coisa só. Porque é super complexo e exige uma coordenação de agendas e de atores estratégicos para seguir no cumprimento dessa missão.
Márcio
Como é a visão perfeita para vocês a respeito do final do projeto? A Climate Ventures sai no projeto e depois conseguirão os empreendimentos apoiados nessa visão perfeita vocês?
Floriana
Interessante essa pergunta, a gente tem a nossa visão perfeita, uma saída da Climate, a gente entende que isso ainda vai demorar pelo menos dois anos para acontecer, porque a gente está estruturando um movimento de acesso ao mercado, que estamos chamando de movimento Amazônia em casa a floresta em pé. Para esse movimento parar em pé sozinho ele vai precisar que atores de peso energizem papéis estruturais dentro dele, papéis que precisam realmente ser desempenhados para que essa cadeia e se estruture, então nós precisamos ter à frente comercial b2b, a frente comercial b2c precisamos ter um círculo de mensuração de impacto provando que esses empreendimentos têm impacto na ponta, impacto positivo e mantém a floresta em pé. Precisamos ter também uma estrutura de comunicação bacana que ajude a dar visibilidade para esses produtos, porque não tem como ter vendas sem ter produto, sem ter comunicação e também uma articulação de redes e uma gestão operacional. Então a gente está agora no nosso modelo perfeito, modelando esse movimento e querendo atrair novos parceiros para energizar esses papéis. A gente está se inspirando em alguns modelos socráticos buscando que cada um desses círculos tenha autonomia para poder operar e ter o seu modelo de negócio. E a ideia é oferecerem esses serviços para os empreendedores amazônicos. Então os empreendedores amazônicos são clientes e a gente está criando um plano de membresia onde também teremos algumas empresas que poderão entrar querendo ofertar os seus serviços para esses empreendimentos Amazônia e de preferência pro Bono e que também sejam beneficiados institucionalmente por estar fazendo parte dessa cadeia que mantém a floresta em pé Amazônica.
Márcio
Floriana a gente vai chegando ao final da conversa e com isso eu vou propor aquela reflexão que a gente sempre pede para todas as pessoas entrevistadas. Se você pudesse pedir para alguém da nossa audiência responder o que você perguntaria sobre o seu próprio trabalho? Qual é aquele desafio que você vive hoje que você gostaria de ouvir alguém te dando uma luz a respeito?
Floriana
É aquela velha pergunta que fica batendo aqui na nossa cabeça, que pergunta eu faria? Como podemos atrair novos parceiros de peso para esse movimento? Como fazer grandes organizações como Mercado Livre ou como operadores multimodais com a Costa Brasil abrir espaço nas suas operações e nas suas agendas para contribuir com a manutenção da floresta em pé e com a Bio economia amazônica? Eu deixaria essa pergunta latendo aos nossos parceiros da PQPS!
Márcio
Literalmente a pergunta de um milhão. Floriana Obrigado por ter trazido o material por ter compartilhado com o PQPS Talks um registro tão importante do seu trabalho nesse campo Socioambiental brasileiro em 2021.
Floriana
Eu que agradeço, será um prazer continuar essa jornada com vocês.
Márcio
O prazer é nosso e assim a gente termina mais um PQPS! Talks e convida você a procurar o episódio com o Instituto Auá de empreendedorismo socioambiental no www.aupa.com.br/pqps para saber um outro ângulo de todo o contexto que foi falado aqui com a Floriana e a jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais continua nos nossos outros podcasts deste ciclo. Logo mais tem mais. Até!
Você ouviu PQPS perguntas e questionamentos sobre projetos socioambientais, uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no tempo de desenvolvimento socioambiental parceiros operacionais Aupa e Ponte a Ponte. Apoio financeiro Instituto de cidadania Empresarial. Realização Rede Tekoha acesse mais conteúdos sobre as jornadas PQPS em www.aupa.com.br/pqps.
Transcrito por Cristina Cordeiro.