Entrevista realizada com Rebeca Yoshisato da ANDE Brasil, o escritório regional da Aspen Network of Development Entrepreneurs. A ANDE é uma rede global de organizações que impulsiona o empreendedorismo em países emergentes. Nesta conversa a Rebeca contou um pouco sobre um projeto interno da ANDE, sobre o “Café com os Membros”: desde como ele foi pensado até agora.
Este é um episódio de uma série de casos gravados a partir dos desafios que gestores de projetos de negócios socioambientais brasileiros vivenciam nas suas instituições. Estes gestores compartilharam seus desafios na Jornada PQPS! discutindo suas Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais.
Estes casos foram desenvolvidos e gravados pela equipe da Rede Tekoha. Apoiou na produção dos podcasts a Aupa; na seleção dos casos a ponteAponte, e os recursos vieram da chamada Elos de Impacto realizada pelo ICE.
Transcrição do episódio
Apresentação
Rede Tekoha e Instituto de cidadania empresarial apresentam:
PQPS Perguntas e Questionamentos Sobre Projetos Socioambientais. Uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no campo de desenvolvimento socioambiental.
Márcio
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Seja muito bem-vinda, seja muito bem-vindo para a nossa conversa de hoje na jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais. Eu sou o Márcio Pires, falando pela Rede Tekoha, e esta conversa é parte de uma série de papos com quem atua na gestão de projetos socioambientais no Brasil neste ano tão desafiador que é 2020.
Vamos mergulhar nas vivências de quem faz acontecer no campo de desenvolvimento socioambiental, como a Rebeca Yoshisato da Ande Brasil que é um escritório regional da Aspen Network of Development Entrepreneurs, em português rede de desenvolvimento de empreendedores.
E a Ande é bem isso Rebeca, uma rede global de organizações que impulsionam o empreendedorismo em países emergentes, é isso?
Rebeca
É isso mesmo Márcio, a Ande é uma rede global hoje em dia formada com quase 300 membros espalhados pelo globo. E além disso a gente tem a nossa sede que fica nos Estados Unidos e 8 escritórios regionais espalhados nos continentes. Então tem três aqui na América Latina, três na África e dois na Ásia.
Márcio
E como é que é a atuação e quais são as responsabilidades de vocês da Ande do Brasil dentro deste contexto?
Rebeca
Então a Ande surgiu com uma rede que junta as empresas e organizações que apoiam o desenvolvimento do que a gente chama de small growing business, que a gente traduz para pequenas empresas em crescimento ao redor do mundo. Então quando a Ande surgiu ela sentiu uma falta de fazer realmente uma rede global, que juntassem organizações que estavam atuando como apoio, suporte, desenvolvimento e investimento para esse tipo de negócio, que são estas pequenas empresas em crescimento, que são empresas que tem projeção para crescer. Então elas não estão nem no micro crédito e ainda não são grandes o suficiente para serem consideradas ou ter acesso a crédito. Então, a Ande veio para o Brasil há 10 anos atrás, justamente para reunir as organizações brasileiras que também atuam com este perfil de negócio para também criar uma ponte com as organizações lá fora. A Ande tem muito este papel fazer um covine nesta troca de espaço e aprendizado.
Márcio
Como é que acontece essa relação de entrega e resultados de vocês aqui no Brasil no escritório com a Aspen?
Rebeca
A Ande tem tantos projetos que são globais, então hoje a gente trabalha com três frentes mais fortes. A gente fez nosso planejamento estratégico em 2019 para atuar mais diretamente com igualdade de gêneros, trabalho decente e crescimento econômico, ação climática e ambiental. Então como é a relação de entregas, a gente tem projetos da que vem do escritório Global dos Estados Unidos para eles serem desenvolvidos localmente, e a gente também tem projetos aqui. Então a gente está em fase de planejamento para 2021, mas os resultados estão muito ligados nessas três frentes que a gente está atuando agora junto com os nossos membros e um pouco dessa mistura global. Então a gente tem um pouquinho de tudo nessas entregas e resultados, mas basicamente ela dá apoio para projetos e programas de alguns objetivos, que vai variar mesmo de cada projeto que a gente está trabalhando.
Márcio
Você trouxe para a gente no material que você enviou o caso do café com membros, que é uma iniciativa de vocês para integrar os membros da rede. Me dá uma visão geral para a gente entender como é que funciona. Como que é essa iniciativa funciona? Como é que ela foi idealizada e como funcionou até agora.
Rebeca
Então o café com membros, na verdade, começou no segundo semestre deste ano em agosto. E a ideia era que apesar da gente ter uma rede no Brasil ligada a empreendedorismo de impacto social que se conhece bastante, a gente não estava conseguindo com tanta força conectar mais os membros da Ande. E a gente tem dois perfis de membros. A gente tem membros que têm escritório no Brasil, então de repente é uma empresa global que tem atuação aqui no Brasil, e a gente também tem empresas que são brasileiras. As empresas que são brasileiras elas se conhecem bastante, mas não necessariamente a gente consegue conectar as empresas que tem sede no Brasil. A ideia do café com os membros foi realmente apresentar a atuação desses negócios e também gerar oportunidades ou espaço de aprendizado entre os nossos membros. E como ela tem funcionado? Bom, como tudo agora ela tem funcionado de maneira online, a gente agenda sempre a primeira sexta-feira do mês, a gente convida o pessoal, traz um uma organização que é membro da Ande convidado, e ela pode dividir desafios, atuações, o que ela tem feito no mercado e alguma novidade, e o café é um evento bem curto, ele dura 1 hora, muito com este objetivo dele ser uma coisa mais leve. É um espaço de troca. Na verdade, isso foi uma ideia da nossa gerente, e a gente fez estes 6 meses para experimentar e ver como estava sendo esta dinâmica, se ela funcionaria e ela seria de valor para os nossos membros, ela é bem recente.
Márcio
E como ele funcionou até agora? Quantas vezes? Como que rodou até agora?
Rebeca.
Então a gente teve de agosto até dezembro um encontro por mês, teve uma média de 5 à 10 participantes por encontro. A gente tem uma rede global de quase 300 membros da Ande, mas o que tem atuação no Brasil são quase 40 membros, então são eles que a gente chama, porque a conversa acontece em português. Então a gente não consegue por enquanto expandir para ser a nível global, por isso tem acontecido a nível local. E ela tem funcionado de uma forma bem legal, tem muita troca, muito espaço, os membros se conhecem. Assim como tudo que aconteceu esse ano e provavelmente ano que vem ela ainda vai ser um encontro online, como é que a gente pode transformar ela em uma coisa ainda atrativa. A gente com certeza vai viver uma fadiga de zoom mais para frente.
Márcio
Era isso que eu ia puxar até lembrando que este podcast faz parte da jornada PQPS! E a nossa conversa de hoje é com a Rebeca Yoshisato da Ande Brasil. Nos nossos encontros da jornada a gente sempre fala sobre conceitos de gestão de projetos entre eles o momento de configuração é aprovação do projeto, que faz parte dos conceitos do Project Dpro. Então queria levantar uns pontos com você. Você falou sobre como funciona o café com membros, mas como é que foi o envolvimento das pessoas até agora no Café? Você acha que está rolando legal? Tem algum desafio? Como que rolou nesse tempo que vocês já fizeram?
Rebeca
A gente sempre conversa com o membro, pergunta se ele está interessado, e a gente foi testando formatos. Então o primeiro que aconteceu foi muito mais explicativo, e depois a gente sentiu a falta da gente envolver mais as pessoas que estavam participando da conversa de uma forma mais ativa. Como a gente faz agora? A gente pergunta para o membro se ele quer vir apresentar alguma coisa no café, ele não é o modelo, ‘tipo” apresente sua empresa, apresente um desafio. Ele é um formato meio aberto, mas a gente sempre incentiva eles, os nossos membros, que vão fazer apresentação a trazer um desafio, alguma pergunta que ele queira solucionar junto com os nossos membros ou que no futuro possa virar uma parceria ou um projeto em conjunto. Então os membros, eles têm aderido bem ao café, eles veem como uma oportunidade muito grande de apresentar o que eles têm feito, e mesmo quando é uma empresa conhecida, por exemplo, a Yunus em nosso negócios sociais eles apresentaram em nosso último café. Eles são, obviamente, uma empresa super conhecida no Brasil nessa área de impacto, mas eles sempre têm uma novidade para apresentar. Então tanto para empresas que são mais novinhas, quanto para membros que tem uma atuação mais forte no mercado, ele veem como uma oportunidade mesmo de apresentar o que eles têm feito e de pegar esta inteligência que a gente tem dentro da rede e de repente pensar em outras coisas mais para frente.
Márcio
Vocês sempre seguiram nessa linha ou vocês tiveram momentos que vocês repensaram ou vocês sentiram respostas diferentes dos participantes, e aí vocês falaram “opa” vamos para outro lado. Como é que foi?
Rebeca
A gente repensou, mesmo sendo uma coisa que tenha começado esse ano, a gente viu que o engajar era uma parte fundamental para que o café com os membros estivesse valor. Então a gente foi desenhando no meio do caminho, meio tentativa e erro, então a gente hoje tenta trazer um pouco, sei lá, algum desafio que você queira falar, deixar uma pergunta aberta, ou apresentar alguma coisa que seja muita novidade que gere dúvidas, alguma coisa que a gente consiga trazer em que o membro se engaje na reunião que a gente está fazendo, que não seja só uma palestra. A gente teve algumas respostas diferentes, como foi o primeiro, ele foi menos participação, foi uma coisa mais explicativa, no segundo a gente trouxe uma plataforma meio que foi a USAD sem ser aquela PPA da Amazônia, então a gente quis trazer para o membro porque era um formato diferente de trabalhar que talvez pudesse inspirá-los, trazer mais espaço para conversa, depois a gente trouxe conexos que tem efeito um trabalho ambiental super importante e novo no Brasil, e isso gerou muito espaço para tirar dúvidas, saber como eles trabalham e nem teve tempo suficiente. Também depende muito no que a organização está trabalhando e também as pessoas estão participando, então a gente tem sempre uma novidade quando o café acontece.
Márcio
Só para a gente ter uma base. Quantos encontros você acha e quantas empresas participaram?
Rebeca
Teve 5 apresentações de organizações que são membros da Ande, e a gente teve 16 organizações diferentes que participaram dos nossos encontros.
Márcio
Quanto tempo dura, mais ou menos, cada um desses encontros?
Rebeca
A gente tem feito eles para durarem uma hora, e por enquanto tem funcionado, mas assim, se a gente conseguir pensar em um modelo, que talvez tenha um pouquinho mais de troca com engajamento, a gente aumentaria um pouquinho, talvez por uma hora e meia, mas acho que não passaria disso. Porque ele é um encontro mais leve, é um espaço bem de troca mesmo que as pessoas conversem, elas têm momentos de inspiração e trocam ideias. Então a ideia é que seja uma participação fluida.
Márcio
Rebeca para a gente terminar, se as pessoas da nossa audiência pudessem te ajudar em um desafio do seu trabalho, quero dizer, desse projeto café com membros. Que pergunta especificamente sobre ele você faria para que alguém te respondesse?
Rebeca
O desafio que a gente tem é: Como é que a gente consegue transformar o café em um espaço com uma troca maior? E como é que a gente pode renova-lo em um momento que a gente vive de fato uma fadiga de Zoom, de encontros virtuais. Então como é que a gente pode engajar essas pessoas para continuarem participando desse encontro, mesmo que ele seja virtual? Acho que seria um desafio, que a gente já tem pensado aqui para o ano que vem. Então realmente engajar online as pessoas para participarem de uma forma bastante produtiva e eficiente.
Márcio
Rebeca “brigadão” por ter trazido esse seu material e por compartilhar com a jornada PQPS! O registro do seu trabalho no campo socioambiental brasileiro de 2020.
Rebeca
Eu agradeço o espaço e a oportunidade. Eu estou ansiosa para o curso começar.
Márcio
A gente também. A conversa fica por aqui e a jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais continua nos nossos outros podcasts deste ciclo. Logo mais tem mais. Até!
Você ouviu PQPS perguntas e questionamentos sobre projetos socioambientais, uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no tempo de desenvolvimento socioambiental parceiros operacionais Aupa e Ponte a Ponte. Apoio financeiro Instituto de cidadania Empresarial. Realização Rede Tekoha acesse mais conteúdos sobre as jornadas PQPS em www.aupa.com.br/pqps
Transcrito por Cristina Cordeiro.