O entrevistado deste episódio é o Welson Alves, que coordena em São Paulo a Global Opportunity Youth Network, a GOYN. A GOYN é um programa com foco na agenda de inclusão produtiva de jovens periféricos da cidade de São Paulo. Na entrevista, ele conta um pouco sobre os desafios de coordenar diversos projetos para alcançar a meta de desenvolver e melhorar a renda de pelo menos 100 mil jovens nos próximos 10 anos.
Este é um episódio de uma série de casos gravados a partir dos desafios que gestores de projetos de negócios socioambientais brasileiros vivenciam nas suas instituições. Estes gestores compartilharam seus desafios na Jornada PQPS! discutindo suas Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais.
Estes casos foram desenvolvidos e gravados pela equipe da Rede Tekoha. Apoiou na produção dos podcasts a Aupa; na seleção dos casos a ponteAponte, e os recursos vieram da chamada Elos de Impacto realizada pelo ICE.
Transcrição do episódio
Apresentação
Rede Tekoha e Instituto de cidadania empresarial apresentam:
PQPS Perguntas e Questionamentos Sobre Projetos Socioambientais. Uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no campo de desenvolvimento socioambiental.
Márcio
Bom dia, boa tarde, boa noite.
Seja muito bem-vinda, seja muito bem-vindo para a nossa conversa de hoje na jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais. Eu sou o Márcio Pires, falando pela Rede Tekoha, e esta conversa é parte de uma série de papos com quem atua na gestão de projetos socioambientais no Brasil neste ano tão desafiador que é 2020.
Nós mergulhamos nas vivências de quem faz acontecer o campo de desenvolvimento socioambiental e a nossa conversa hoje é com o Welson Alves, o Wel, que coordena hoje a Global Opportunity Youth Network São Paulo (GOYN) que é um programa com foco na agenda de inclusão produtiva de jovens periféricos da cidade de São Paulo.
GOYN é uma iniciativa Global já acontece em outros quatro países e que chega no Brasil com uma missão muito positiva, a meta é desenvolver e melhorar a renda pelo menos cem mil jovens nos próximos dez anos.
Wel tudo bom? Prazer falar contigo hoje sobre essa proposta.
Welson
Oi Márcio prazer está aqui falando com vocês e poder contar um pouco sobre o GOYN também.
Márcio
Conta para a gente e começa falando como que funciona o GOYN aqui no Brasil e qual que é a relação do GOYN com a United Way Brasil.
Welson
Legal Márcio. Então, bom falando um pouquinho sobre GOYN – Global Opportunity Youth Network é um programa que ele inicia uma experiência bem sucedida do The Aspen Institute com fórum lá nos Estados Unidos voltado para pensar soluções para jovens que estavam sem oportunidades formais de emprego e também fora do ensino formal. E aí começou-se uma mobilização ali em prol dessa agenda gerar, enfim, fizeram diversas ações, iniciativas para gerar conhecimento e mobilizar muitas organizações visando inclusão produtiva desses jovens. E a partir de vários resultados positivos deste programa, que foi muito bem sucedido, começa assim, então ali junto com outros parceiros globais, Prudent, Accent e algumas outras organizações a pensar como é que eles replicam essa experiência positiva dos Estados Unidos em outros territórios pelo mundo. Então o GOYN ele começa seis comunidades, em cinco países, na Índia em Jacan e Pune na África do Sul em Mombaça no Quênia, em Bogotá na Colômbia e aqui no Brasil em São Paulo. O GOYN chega aqui em São Paulo no começo do ano, em março junto com a pandemia, e a gente começa então nesse primeiro ano a fazer um grande mapeamento das organizações do ecossistema de inclusão produtiva no Brasil e das organizações que trabalham com o tema aqui. Acho que é importante falar que em todas essas comunidades existe uma organização parceira, uma organização âncora que tem todo esse trabalho de ancoragem, mesmo do programa no território, cada uma dessas comunidades existe uma organização local, e aqui no Brasil a organização que foi escolhida foi a United Way, então o GOYN hoje ele está dentro da United Way Brasil, considerada a maior organização de filantropia do mundo, ela está em diversos países também ,e a gente conta com todo apoio, todo suporte e toda a experiência da United Way para poder implementar o GOYN aqui no Brasil nessa agenda de 10 anos
Márcio
E aqui no Brasil o programa tem várias frentes, e cada frente com objetivos diferentes. Conta um pouquinho sobre estas iniciativas.
Welson
Aqui no Brasil, como você mesmo disse, a gente tem essa meta de impactar, gerar renda, aumentar renda de 700 mil jovens em São Paulo. E este número ele não vem do nada, umas das primeiras ações que o GOYN fez aqui, foi um grande mapeamento para entender o tamanho do “buraco”. Então a gente fez um grande mapeamento junto com a Accent para entender quantos jovens potência existiam em São Paulo, que são esses jovens periféricos que estão sem oportunidades formais de emprego e também estão fora do ensino formal. Em São Paulo a gente sabe que o desemprego afeta 36% dos jovens e só 13% tem ensino superior completo hoje, então é muito urgente pensar em numa solução sistêmica que vá abarcar todos esses atores que estão trabalhando aqui. Então a gente começa muito mapeando as organizações que já trabalham no ecossistema de inclusão produtiva e conversando com essas organizações, entendendo também o trabalho que elas fazem, a gente entende o papel do GOYN muito como uma organização articuladora, então o GOYN tem o papel aqui no Brasil de articular essa agenda, mobilizar essa agenda de inclusão produtiva. Claro, em alguma medida implementar soluções, trazer resultados, mas a gente quer também gerar muita inteligência para o ecossistema e para o campo para maximizar o impacto dessas organizações. Então a gente começa esse ano fazendo esse grande mapeamento, articulando, mobilizando para a partir do ano que vem a gente começar a implementar alguns protótipos que foram cocriados esse ano, a partir do que a gente chama de áreas de oportunidade que o jovem potência precisa enfrentar para conseguir trilhar a sua jornada de empregabilidade, de capacitação empregabilidade.
Márcio
Qual é a linha transversal que existe? Você consegue traçar esta linha que liga estas iniciativas?
Welson
Márcio o GOYN tem seis pilares de trabalho que a gente chama de impacto coletivo, então esses seis pilares são o que orientam todo o trabalho do GOYN São Paulo, e a gente sempre gosta de voltar para eles, porque é como se fosse os nossos princípios mesmo, então esses seis Pilares são os jovens no centro, então todas as ações que o GOYN faz necessariamente ela precisa considerar o jovem no centro desta ação, para isso a gente fez um chamado, também no começo do ano, para desenvolver um núcleo jovem, uma espécie de comitê de Juventude, onde a gente fez um chamado e mais de 300 jovens periféricos se inscreveram e a gente selecionou 15 que nesse momento a gente entendeu que faziam mais sentido de estarem nesse núcleo, e é através deles que a gente consulta e conversa para entender se as ações que a gente tem pensado estão fazem sentido para realidade do jovem potência de São Paulo. A gente também tem uma agenda de aprendizagem, então um dos outros dos pilares é a gente gerar conhecimento, como eu já falei, inteligência para o campo para o ecossistema de inclusão produtiva. A gente é uma iniciativa 100% baseado em dados e evidências, então esse também é um dos pilares do GOYN. A gente tem uma mobilização para financiamento, então como é que a gente usa o poder do colaborativo para que a gente consiga ter parceiros financiando o GOYN, mas também apoiando com as suas expertises, com toda a sua experiência e todo o seu poder de conexão. A gente fala muito de colaboração do local, então fazer parcerias com os atores locais para estabelecer uma rede de oportunidades para esse jovem potência, e convocar para ação. Então a gente quer realmente trazer muitos atores, a gente já tem feito isso desde o começo das ações do GOYN, agora a partir do ano que vem na implementação de protótipos para que todo mundo coloque a mão na massa para apoiar esses 100 mil jovens potência.
Márcio
No podcast de hoje da jornada PQPS! A gente fala com o Welson Alves da Global Opportunity Youth Network de São Paulo – GOYN. Em nossos encontros da jornada PQPS a gente sempre tenta chamar a atenção para os conceitos de gestão de projetos, mas tenta aplicar na prática e tenta ver a ligação que isso tem com a realidade das organizações. E esta linha transversal que você coloca entre as iniciativas, tem muito a ver com o gerenciamento da justificativa do projeto, e é algo que impacta diretamente na execução e depois na avaliação dele. Tem algum procedimento de vocês na GOYN para que seja possível enxergar e encaixar esta transversalidade?
Welson
Então Márcio, eu acho que o GOYN ele tem um grande desafio, claro a gente super olha o GOYN também como um projeto que precisa de todo um arcabouço de ferramentas, para ter sucesso, baseado nesses Pilares que eu trouxe também nos objetivos que a gente tem nas metas de impacto para alcançar esse 100 mil jovens em dez anos, mas eu vou dizer que é um desafio diário assim fazer esse programa acontecer com uma lógica diferente, porque para gente do GOYN não é só sobre gestão de um projeto super complexo que a gente precisa pensar, mas também tem a ver com esse cogo, então como a gente faz. Então acho que é como envolver os jovens em todas as ações do GOYN em como trazer organizações do território e gerar benefício para elas, como se colocar muito mais como uma ponte realmente e não como um atravessador, por exemplo, para que é o financiamento e todos esses grents, esse dinheiro e os recursos que vem chegue na ponta. E a gente na verdade está descobrindo agora como fazer, então como eu falei, a gente começou os trabalhos em março e estamos agora com 9 meses. O lançamento do GOYNl oficial aconteceu no mês passado em novembro a gente fez um super evento que foi transmitido pelo YouTube e tivemos mais de 300 pessoas acompanhando ao vivo. E foi muito legal perceber que essas instâncias de colaboração que a gente vem nutrindo com esse núcleo de jovens também com comitê gestor de todos os parceiros financiadores e apoiadores do GOYN em que ajudam a gente a tomar decisões a pensar, qual é a melhor estratégia, acho que tudo isso passa por essa lógica da transversalidade. Então eu acho que a gente ainda não está tão maduro, no sentido de gestão no sentido animais puro da gestão, mas acho que a gente está começando a ganhar essa alteração agora e acho que é para o ano que vem como a gente vai ter muitos núcleos de projeto acho que vai ficar ainda mais complexo de enxergar essa transversalidade e voltar para esses pilares que acho que vai ser o grande desafio.
Márcio
Por falar em complexidade nesta quantidade tão grande de partes interessadas, de pilares e tal. Como vocês conseguem ter clareza do que vocês querem avaliar ao longo deste processo de implementação?
Welson
Para a gente a implementação ela tem dois objetivos principais. O primeiro objetivo e gerar resultado, assim como todo projeto é a gente ter metas muito claras e começar a impactar diretamente este jovem potência de São Paulo, e ai obvio a gente vai ter que pensar realmente numa estrutura de gestão onde a gente consiga comportar as diferentes necessidades de cada projeto e as especificidades de cada uma delas, porque hoje só para vocês ter uma noção, a gente está cocriando quatro soluções diferentes para serem pilotados a partir do ano que vem. Duas delas dentro de uma lógica que a gente está chamando de uma área de oportunidade digital, então a gente percebe que ainda é muito difícil oportunidades de carreiras digitais serem acessados por jovens potência e as outras duas uma olhando para o projeto de vida desses jovens, então como é que a gente ajuda o jovem a trilhar o seu projeto de vida e conseguir alcançar esses objetivos e uma outra que está olhando muito mais para oferta, no sentido de sensibilizar as empresas para oferecerem mais vagas, se comprometerem oferecer mais vagas para esses jovens potência. Para essas quatro primeiras soluções que a gente está pensando, a gente já percebe que uma estrutura única não vai funcionar. E aí agora a gente começa a pensar realmente nesses núcleos de maneira individual, então uma delas setar realmente quais os resultados que a gente quer para cada uma delas, qual é o impacto que a gente gostaria de ver no fim do ano. Mas eu acho que tem uma outra também, que isso foi muito trazido a partir do colaborativo das escutas que a gente fez, foi realmente pensar como que a gente continua nutrindo esse colaborativo, isso foi unânime, todas as organizações falaram que a grande riqueza do GOYN durante este ano foi promover esse espaço de conexão genuíno que antes muitas delas não tinham acesso. Então esse foi um grande ativo que a gente conseguiu gerar, que eu acho que vai ser e continuar sendo um grande papel do GOYN de gerar inteligência para o ecossistema com dados, continuar fazendo esse trabalho de investigação, esses pontos de conexão. Porque só mobilizando esses muitos atores para trabalhar de forma sinérgica a gente vai conseguir maximizar o impacto dessas organizações porque eu não acho que só as iniciativas e as soluções que o GOYN está propondo a gente consegue de fato gerador de formação na vida desses jovens, então acho que a gente vai precisar de toda uma cadeia de tudo uma proposta realmente colaborativa dessas organizações que já atuam no campo que tem muitas conexões muitos recursos para a gente impactar esses 700 mil jovens, que hoje na verdade são 766 mil jovens, isso antes da pandemia, esse número provavelmente deve ter aumentado, que estão nesta condição que a gente chama de jovens potência numa condição de oportunidade que precisam realmente de um apoio para ou voltarem para ensino formal ou conseguirem acessar oportunidades formais de trabalho e renda.
Márcio
Como vocês conseguem fazer a definição de avaliação no desenho dos protótipos que vocês ainda estão para implementar a partir do ano que vem? Como é que vocês encaixam?
Welson
A gente está agora começando a olhar para isso e entender realmente o tamanho do buraco assim aonde a gente está se colocando. Então tem algumas ações que a gente já está fazendo. A gente está com uma consultoria desde de setembro desenhando a nossa teoria de mudança que vai ficar pronta no começo do ano que vem e aí acho que para mim são grande alívio, porque tem juvenis a muito da construção da co-criação que a gente fez esse ano e a gente começa a olhar para ela realmente como a nossa carta mãe, o nosso documento onde tudo que a gente faz precisa está pautado no que que está escrito ali. Eu acho que o papel muito legal, para além do produto da entrega desta teoria de mudança que vai orientar nosso trabalho a partir do ano que vem, é que ela tem os provocado muito e nos feito muito repensar constantemente sobre as estratégias do GOYN nesses primeiros anos, porque a gente está falando de um programa que tem uma proposta aí de ser muito, na verdade assim, de pensar dentro de um ambiente altamente complexo, de pensar soluções sistêmica dentro de um ambiente complexo. Então acho que uma provocação que eles têm feito para gente como é que a gente inverte essa lógica, muda essa lógica de implementação de projeto, pensando que tem muita coisa que a gente não vai conseguir misturar. Então a gente ainda está entendendo e decantando tudo isso, mas acho que esse é um ponto. O outro que a partir do ano que vem a gente vai ter um núcleo focado em monitoramento e avaliação, até porque grande impacto que a gente gera, a gente precisa reportar para o Global. Porque isso vai se somar aos outros resultados das outras comunidades GOYN no mundo, então tem uma agenda forte realmente de monitoramento e avaliação. E a nossa ideia fazer várias fotografias ao longo da implementação dos jovens potência que vão estar participando desse piloto, das organizações que vão estar participando esses pilotos para testar as nossas hipóteses gerar aprendizados, então a gente já tem uma noção de que no fim do ano que vem a gente vai lançar uma série de relatórios de compilados de guias trazendo esses aprendizados e boas práticas, porque como eu falei, eu acho que um dos grandes objetivos é gerar aprendizados para ecossistema, então esse com certeza vai ser um dos nossos resultados umas das nossas metas para o ano.
Márcio
Maravilha. Wel a gente está terminando a conversa e na jornada PQPS a gente sempre inverte a última pergunta, a gente pede para que você pergunte para quem está te ouvindo agora, se pudesse ter uma responda sobre alguns dos desafios do seu trabalho, que questão que você deixa para o pessoal que está escutando a gente?
Welson
Bom acho que são muitos desafios no programa como GOYN eu já trabalhei em outras organizações já nessa lógica também de gestão de projetos, venho de uma organização que tinha isso muito forte e implementar projetos também altamente complexo, mas dentro de uma de uma lógica muito interna. Claro, a gente não tinha controle sobre todas as variáveis, mas era um ambiente um pouco mais controlado E aí eu diria que dentro do GOYN São Paulo meu maior desafio é entregar resultado usando uma outra lógica que não só a que a gente aprendeu implementado esses projetos nas nossas organizações então é uma proposta de gerar impacto em um ambiente altamente complexo onde muitas dessas variáveis elas não são controláveis, talvez a minha pergunta é como mensurar esse inteligível é esses inteligíveis, na verdade, porque também a gente está falando de jovens em alta situação de vulnerabilidade social. Então como é que a gente gera este intangível de uma iniciativa que se propõe de articular o ecossistema trazer uma proposta de atuação colaborativa para impactar a vida desse jovem mantendo a prática alinhada ao discurso? Então fazendo tudo de fato de forma colaborativa com os jovens do centro, gerando colaboração local, com uma agenda de aprendizagem que se permita dá espaço para o erro, e aí eu volto para os nossos pilares, então acho que como é que a gente tem sucesso no projeto complexo como esse mantendo esse como ou esses comos, seguindo aí a prática o nosso discurso. Esse é o grande desafio.
Márcio
Wel valeu pelo trabalho da GOYN e por compartilhar com a jornada PQPS o registro de alguém que está trabalhando em nosso campo socioambiental em 2020 este ano pandêmico, este ano tão diferenciado
Welson
Eu que agradeço pelo convite fiquei super honrado, feliz em de poder compartilhar um pouco aqui sobre o GOYN São Paulo e também sobre os desafios que acho que todo mundo que está nesse campo enfrenta diariamente, acho que os desafios eles só mudam ali de contexto, mas eles são muito parecidos e me coloco super à disposição também para seguir trocando com pessoal e foi ótimo conversar com você Márcio.
Márcio
Valeu É isso aí, gente. A conversa fica por aqui e a jornada PQPS, Perguntas e Questionamentos sobre Projetos Socioambientais continua nos nossos outros podcasts deste ciclo. Logo mais tem mais. Até!
Você ouviu PQPS perguntas e questionamentos sobre projetos socioambientais, uma conversa aberta com quem trabalha com projetos no tempo de desenvolvimento socioambiental parceiros operacionais Aupa e Ponte a Ponte. Apoio financeiro Instituto de cidadania Empresarial. Realização Rede Tekoha acesse mais conteúdos sobre as jornadas PQPS em www.aupa.com.br/pqps.
Transcrito por Cristina Cordeiro.