A gente já falou aqui nesse post sobre o que o campo de impacto socioambiental e os gestores de iniciativas e projetos sociais e de governança podem aprender com os ensinamentos dos gestores de produtos e suas rotinas.
O Product Management é a capacidade da gestão de produto em conseguir atrelar no dia a dia a compreensão sobre
- usabilidade do produto;
- viabilidade tecnológica de implementá-lo; e
- potencial do próprio produto de gerar negócio e monetizar.
A seguir, vamos listar cinco tendências e compreensões dos gestores de produtos, que podem se adequar à realidade dos gestores de projetos socioambientais e dos projetos de ESG.
O produto responde diretamente ao negócio
Tendência 1: é preciso ter o produto respondendo diretamente ao business, ou seja, aumentando sua responsabilidade sobre o desempenho do negócio e respondendo diretamente ao executivo.
Este ponto se refere à estratégia da existência do produto, ou seja, se ele não responde às necessidades da empresa ou negócio, significa que sua existência deve ser revista.
Em projetos ESG ou projetos de impacto socioambientais, este ponto faz todo o sentido, pois cada produto ou projeto deve estar atrelado à intenção do impacto que a organização deseja ter e/ou contribuir.
Se as ações não colaboram com o alcance do impacto social ou ambiental desejado, o projeto ou produto deve também ser revisto, tal qual no campo empresarial.
A importância do gestor na estratégia
Tendência 2: ocupação de cargos executivos por profissionais de produto.
No campo empresarial, os produtos são essencialmente aquilo que traz sustentabilidade para a organização. Sendo assim, a pessoa responsável pelo seu desenvolvimento é de extrema importância para as estratégias da empresa, assim como para sua capacidade de existir no mundo.
Nos projetos de impacto socioambiental e ESG, por sua vez, os profissionais vêm insistindo há muitos anos que a Teoria da Mudança e a clareza naquilo que a organização busca realizar e transformar no mundo sejam o drive de toda sua atuação. Sendo assim, o gestor de projetos, gestor de portfólio ou até mesmo gestor de produto em um projeto social ou de governança é como se fosse o dono da execução da estratégia.
Tão importante quanto os executivos ou diretores que idealizam o projeto ou o produto, o gestor de produto no campo empresarial, assim como no campo de impacto social, é a pessoa que mais está em contato com a realidade do usuário, ou do beneficiário.
O gestor do produto é a pessoa com mais propriedade para discutir se a solução está sendo viável:
- do ponto de vista da execução
- útil na usabilidade; e
- condizente com a capacidade de geração de renda ou de monetização da organização.
Formato de trabalho: remoto e híbrido
Tendência 3: intersecção entre boa comunicação e trabalho remoto
Os trabalhos remoto e híbrido estão aí e não devem ir embora. Desde antes do início da pandemia, os sinais de que o trabalho remoto estava sendo implementado na maioria das organizações já eram claros para as empresas corporativas. A prática não era tão comum, mas nas organizações sociais, como já sabemos, ela já vinha sendo implementada, inclusive seguindo a tendência da abolição dos escritórios fixos desde a chegada dos coworkings.
A pandemia exacerbou essa tendência, não apenas por uma questão de economia financeira e de utilização de um ambiente para inovação, mas porque o trabalho remoto passou a ser praticamente a única opção, especialmente na época de lockdown.
Sendo assim, ainda que forçadas, as empresas aprenderam que é possível trabalhar dessa forma. Os desafios são muitos, como, por exemplo, a gestão de equipes, melhoria da comunicação, compreensão e utilização de softwares para gerir tarefas, atividades, entregas e os próprios times.
Mesmo assim, uma coisa é fato dado: as modalidades híbridas de trabalho vieram pra ficar.
Entender e saber trabalhar com dados
Tendência 4: necessidade de construção de um arcabouço nas áreas de Matemática e Estatística.
Não é novidade que o advento da Internet e a proliferação de informações a todo instante tem trazido para o mercado de trabalho a necessidade de profissionais que saibam lidar com dados. Esse letramento, ou alfabetização, em dados é um tema que tem sido discutido por algumas organizações, as quais vêm investindo em atividades relacionadas ao assunto junto aos seus funcionários.
Essa discussão ainda está distante do campo de impacto socioambiental e dos projetos sociais e de governança, dado que muitos deles têm estruturas mais frágeis em que a organização de informações ainda não é uma prática gerencial muito comum. No entanto, a instituição da LGPD e a preocupação com essa lei tem alertado e trazido a esse universo a temática, voltando as atenções para as demandas trazidas pela LGPD.
Este é o primeiro passo. Os gestores de produto têm discutido bastante a temática!
A necessidade de compreender como se usam os dados ainda existe, até mesmo por causa do baixo letramento no uso de ferramentas matemáticas estatísticas.
O profissional que queira ampliar o seu impacto socioambiental ou realizar projetos sociais e de governança com maior efetividade deve se atentar para aprender e mergulhar um pouco em como o uso de dados podem melhorar e contribuir com seu trabalho.
Competição por atenção
Tendência 5: mudança na forma de enxergarmos a competição pela atenção de consumidores.
O mundo, cada vez mais digitalizado, tem mudado a forma como as empresas e organizações de impacto socioambiental – sejam negócios de impacto ou projetos sociais e de governança dentro das próprias organizações – são capazes de chamar a atenção e prender os usuários na utilização das suas soluções, tanto as exclusivamente digitais quanto as tecnologias sociais, que já são implementadas há anos pelas organizações que buscam gerar impacto socioambiental.
Vale ressaltar que aprender sobre como engajar usuários e os clientes não é uma atividade que se direciona apenas ao público jovem, mas a pessoas de qualquer idade.
O excesso de informações e de opções, assim como a interação por meio de telas e o aumento de comunicação por meios digitais, transformou a forma com que todo mundo se relaciona e é capaz de absorver informações que antes eram desnecessárias.
E agora?
Ao levantar essas similaridades, esperamos abrir uma conversa entre os dois setores e os dois campos! 🙂 Há muito o que aprender com os dois mundos e se beneficiar das trocas.
Quer falar mais sobre?